sexta-feira, 7 de novembro de 2014

TENENTE WALDEMAR TEIXEIRA PINTO: OFICIAL  MÉDICO DA CIESA


O Dr. Waldemar Teixeira Pinto nasceu em São Paulo no ano de 1905, filho de Francisco Antonio Teixeira Pinto e Maria Rosa Pinto. Realizou estudos primários no Grupo Escolar do Brás e secundários no Ginásio do Estado quando já demonstrava interesse em seguir a carreira de médico. Matriculou-se na Faculdade de Medicina da Capital na qual doutorou-se, em 1928, com a tese "Contribuição ao Estudo da Loco-Vacina - Erisipela".

Mudou-se para Santo Amaro em fevereiro de 1929 na qualidade de médico da The São Paulo Light & Power Company, mantendo-se neste emprego por um ano e depois de dele desligar-se passou a clinicar na cidade. Era um dos médicos mais conhecidos e respeitados de Santo Amaro. Residia e atendia a seus pacientes em um palacete situado à Av. Adolfo Pinheiro, nº 272. Foi presidente do Club Bandeirantes de Santo Amaro e diretor do Santo Amaro Tennis Club, duas associações que reuniam a elite santamarense dos anos 30 e 40.

Com a eclosão da Revolução Constitucionalista de 1932 tornou-se oficial voluntário (1º Tenente Médico) da Companhia Isolada do Exército de Santo Amaro - CIESA participando efetivamente das operações da Companhia em Santos e na frente sul-litorânea.






Soldados Voluntários Santamarenses em frente ao consultório do Dr. Waldemar na Av. Adolfo Pinheiro (Julho de 1932)

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

O Bandeirantismo e o Ideal Revolucionário de 1932

As Bandeiras Paulistas

Bandeirantes é a denominação dada a sertanistas do Brasil Colonial que, a partir do século XVI, penetraram no sertão brasileiro em busca de metais preciosos (como ouro e prata), captura de índios e ainda para combater quilombos e aldeamentos indígenas bravios.

Os mais famosos bandeirantes nasceram no que é hoje o Estado de São Paulo. Descendentes de primeira e de segunda geração de portugueses bem como europeus, não apenas portugueses, mas também galegos, castelhanos, entre outros. Além do português, os bandeirantes comunicavam-se em tupi assim como boa parte dos habitantes de São Paulo dos séculos XVI, XVII e XVIII.

Coragem e espírito de aventura eram características dos bandeirantes que partiam da Vila de São Paulo e de suas adjacências em direção ao sertão, vagando durante anos por meio das matas, muitas vezes sem qualquer conhecimento de astronomia ou geografia. As expedições caminhavam sobretudo em direção noroeste e oeste em busca do limite do Brasil que era o Rio Paraná.

Os bandeirantes foram grandes responsáveis pela interiorização do Brasil para além dos limites determinados pelo Tratado de Tordesilhas de 1494, firmado entre Portugal e Espanha. Como consequência das expedições, todo o centro oeste passou a pertencer ao Brasil sendo criadas, em 1748, as capitanias de Goiás e Mato Grosso. As expedições dirigiram-se também ao sul, ultrapassando o limite austral do Tratado, que era a região de Laguna em Santa Catarina. Em pouco tempo os bandeirantes chegariam à região das Missões no Rio Grande do Sul.

A ação dos bandeirantes foi de grande importância na exploração do interior brasileiro, bem como na manutenção da economia do Brasil Colônia. As expedições geraram consequências positivas para o comércio já que os índios capturados e vendidos eram importante mão de obra para a agricultura principalmente da cana-de-açúcar. É ainda creditado aos bandeirantes a descoberta de diversas jazidas de pedras e metais preciosos nos estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, gênese do ciclo da mineração que marcaria a economia brasileira no século XVIII.

Houve três tipos de bandeiras: a) bandeirismo de preação (ou apresador) dedicado a captura de índios para depois vende-los como escravos (prática proibida desde 1595); b) bandeirismo prospector voltado para a busca de pedras e metais preciosos; c) bandeirismo (ou sertanismo) de contrato dedicado a combater aldeamentos de índios bravios e negros organizados em quilombos (entre eles o Quilombo dos Palmares no século XVII).

Em 1628 partiu da Vila de São Paulo a maior bandeira conhecida. Composta por quase de 4000 homens (900 brancos e 3000 índios) partiram para o sertão (região de Guaíra) para de lá expulsar jesuítas espanhóis e prender quantos índios pudessem.

Foram bandeirantes célebres, entre outros: Antônio Raposo Tavares, Bartolomeu Bueno da Silva (o Anhanguera), Brás Leme, Afonso Sardinha, Domingos Jorge Velho, Francisco Dias Velho, Gabriel de Lara, Manuel Preto, Mateus Grou, Nicolas Barreto, Fernão Dias Paes Leme e Manuel da Borba Gato (natural de Santo Amaro).


O Bandeirante Domingos Jorge Velho em pintura de 1903 (Wikipedia)


O Bandeirante Santamarense Manuel da Borba Gato

A “paulistanidade” e o espírito bandeirante em 32

O Estado de São Paulo em 1932 era o estado mais rico e importante economicamente para a Nação.

Desde o final do século XIX e, em especial nas décadas de 10 e 20, a economia do Estado prosperou enormemente, sobretudo por conta da produção e exportação de café. Naqueles anos, São Paulo era responsável, sozinho, por 70% da produção nacional e quase metade de todo o café consumido no mundo. Em São Paulo se dizia que o Estado era como uma locomotiva que, impulsionada pelo café, rebocava os outros estados da federação rumo ao progresso.

São Paulo gozava ainda de farta e barata energia elétrica, a melhor rede ferroviária do Brasil, o porto de Santos (já um dos maiores do mundo) e uma população consumidora em expansão. Isso tudo, somado ainda a uma forte diminuição das importações, entre 1914 e 1918 (1ª Guerra Mundial) impulsionou fortemente a indústria no Estado. Em 1914 havia no país 6000 fábricas, que em 1920 subiriam a 13336 e em 1930 passariam das 20000.  Mais de 70% de todas essas indústrias estavam localizadas no Estado de São Paulo.

Desde a década de 1890, a pujança econômica de São Paulo já criava entre os paulistas um forte sentimento de excepcionalidade frente aos demais brasileiros ou de "paulistanidade".  Os políticos paulistas alimentavam esse sentimento como se observa no discurso do então presidente do Estado, Bernardino de Campos, em 1893: “o atual regime fortalece ao Estado os mais amplos e eficazes elementos de felicidade e riqueza, em pleno gozo de uma esplêndida civilização, desde que a sua atividade se desenvolva pacificamente, livre de agitações e abalos que perturbem o seu andamento. Para garantir-lhes estes bens inapreciáveis, é bastante que não tirem ao Estado de São Paulo as condições que já possui e que constituem os característicos de sua índole – paz, ordem, trabalho, economia.” Ou ainda Rodrigues Alves, seguro da auto-suficiência do povo paulista, em 1912: “a cidade de São Paulo desenvolve-se por si mesma, e pode-se dizer, com vertiginosa rapidez.” Em 1926, quando da fundação do Partido Democrático, Waldemar Ferreira (que durante a Revolução viria a ocupar o cargo de Secretário da Justiça) discursava ressaltando a responsabilidade de São Paulo “na integração territorial e política do Brasil, desde o bandeirantismo até a proclamação da República.”

Nesse contexto, afirma o historiador Marco Cabral dos Santos que “a valorização da imagem do bandeirante como antepassado mítico do paulista, caracterizado pela bravura e pelos grandiosos feitos, fermentou o imaginário político, reproduzindo a ideia de que o papel relevante desempenhado pela cafeicultura paulista era uma decorrência direta da formação singular de seu valoroso povo, amante do trabalho e do progresso.”

Com o intuito de elevar o moral das tropas e incendiar os corações do povo paulista pela Revolução, durante toda a campanha, circulavam pelo Estado textos, poemas, cartazes, canções e até notas de dinheiro revolucionário apresentando a imagem do bandeirante paulista:

O despertar de São Paulo 9 de julho foi a metempsicose da raça. Saíram dos seus jazigos as almas de Raposo, Borba Gato, Anhanguera. Reencarnaram-se no moço delirante que sobraçou o fuzil e se improvisou soldado!
Ibsen tinha razão: Fantasmas!
Fantasmas gloriosos! As gerações reencarnam-se nas outras gerações. São os espectros que animam os vivos.
O mesmo sonho de penetração, das bandeiras, renovou-se da conquista da civilização. Reintegrar a lei! Ontem era mister integrar a pátria. Mas a lei é a pátria dos povos civilizados e cultos. Daí o bandeirismo de 10 de julho, dia da partida das novas monções articuladas no mistério da noite de 9.

Menotti del Pichia


Hino Constitucionalista de 1932

Da alma cívica de um povo,
Irmanado nas trincheiras,
Surgem as novas Bandeiras,
Criando um São Paulo novo.
Povo heroico à luta afeito,
Firma  a sua tradição,
Tendo nas mãos o direito,
E a pátria no coração.

Marchemos cheios de glória!
Conosco marcha a vitória!
Marchemos cheios de glória!
Conosco marcha a vitória!

Anima o surto grandioso,
Que a nossa alma retempera,
A ânsia feita de Raposo,
E a firmeza de Anhanguera
Rumando a novas conquistas,
Fiel ao destino da raça,
Ei-lo abre alas paulista,
Pois é São Paulo que passa!

Marchemos cheios de glória!
Conosco marcha a vitória!
Marchemos cheios de glória!
Conosco marcha a vitória!

(composto por Marcelo Tupinambá e gravado por Francisco Alves em 1932)   











Capa do Jornal Folha da Manhã de 09 de Julho de 1935

Referências Bibliográficas

DONATO, Hernani." A Revolução de 32". São Paulo, Círculo do Livro,1982
DOS SANTOS, Marco Cabral. "São Paulo 1932 - Memória, mito e identidade". São Paulo, Alameda, 2010.
Wikipedia

Imagens

MARTINS, José de Barros. "Álbum de Família 1932". São Paulo, Círculo do Livro, 1982
www.tudoporsãopaulo1932.com.br

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

SANTO AMARO NA DÉCADA DE 30 E NOS DIAS DE HOJE


Vista do centro de Santo Amaro na década de 30


Av. Adolfo Pinheiro, altura do nº 22

Av. Adolfo Pinheiro, altura do nº 22
Alameda Santo Amaro

Alameda Santo Amaro
Largo 13 de Maio

Largo 13 de Maio
Praça Floriano Peixoto

Praça Floriano Peixoto
Antigo Mercado Municipal de Santo Amaro

Antigo Mercado Municipal, hoje Casa de Cultura de Santo Amaro
Rua Tenente Coronel Carlos da Silva Araújo

Rua Tenente Coronel Carlos da Silva Araújo
Rua Capitão Tiago Luz

Rua Capitão Tiago Luz
Santa Casa de Santo Amaro

Santa Casa de Santo Amaro
Créditos das fotos antigas: CETRASA
Créditos das fotos atuais: Autor

RELAÇÃO DOS COMBATENTES DA COMPANHIA ISOLADA DO EXÉRCITO DE SANTO AMARO NA REVOLUÇÃO DE 1932









Caldeira, João Netto. “Álbum de Santo Amaro: A História dos Santamarenses”, 1935, págs. 96/98 (obra em domínio público)

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

O VOLUNTÁRIO DELMIRO FILGUEIRA SAMPAIO


O soldado voluntário santamarense Delmiro Filgueira Sampaio foi a única baixa durante a Revolução de 32 da Companhia Isolada do Exército de Santo Amaro – CIESA. O jovem pernambucano de apenas 22 anos, caiu em combate durante a retomada da cidade de Xiririca (hoje Eldorado) mais precisamente no povoado de Lajeado, distante 7 quilômetros da cidade que seria retomada pela CIESA. Morreu no dia 2 de outubro de 1932 atingido em cheio por uma rajada de metralhadora. Ele havia se afastado de seus companheiros e após ser encontrado pelos inimigos foi alvejado. Em seus últimos momentos de vida, pediu a seus pares que não permitissem que seu corpo fosse encontrado e enterrado por seus inimigos. A fim de cumprir sua última vontade, seu corpo foi enterrado no local de sua morte e posteriormente seus restos mortais foram trazidos para Santo Amaro.  Era um jovem alegre e brincalhão apelidado pelos colegas de “Pernambuco”.

Em 1957 o Decreto Estadual 28.889 autorizou o translado dos despojos do voluntário Delmiro Samapaio para o Mausoléu ao Soldado Constitucionalista do Ibirapuera.


Mausoléu ao Soldado Constitucionalista do Ibirapuera




Identificação dos despojos do Voluntário na qual consta que seu Estado de origem seria o Ceará
A Rua Voluntário Delmiro Sampaio é hoje uma rua do bairro de Santo Amaro, assim batizada em homenagem ao herói santamarense.


Esquina da Rua Vol. Delmiro Sampaio com Av. Mario Lopes Leão em Santo Amaro


Esquina da R. Vol. Delmiro Sampaio com Av. Adolfo Pinheiro (Igreja Matriz de Santo Amaro ao fundo) 




BIBLIOGRAFIA
“Cruzes Paulistas: Os que Tombaram, em 1932, pela Glória de Servir São Paulo”.São Paulo: Empreza Graphica da “Revista dos Tribunaes”, 1936.

Caldeira, João Netto. “Álbum de Santo Amaro: A História dos Santamarenses”. Ed. Bentivenga e Netto, 1935

FOTOS

Projeto “A fotografia como concepção histórica” do Prof. Carlos Fatorelli (http://carlosfatorelli27013.blogspot.com.br/2013/06/voluntario-delmiro-filgueiras-sampaio-e.html)

http://netleland.net/tag/mausoleu-dos-herois-de-32



O MUNICÍPIO DE SANTO AMARO E A REVOLUÇÃO DE 1932

Em 10 de julho de 1932 Santo Amaro comemoraria 100 anos de existência como município.  Uma grande festa havia sido programada para aquela data. Dentre as atrações se destacavam: às 9 da manhã desfile cívico-militar, às 10 missa campal e pela noite, às 20 horas representação da ópera “Rigoletto” de Giuseppe Verdi no Teatro São Francisco por uma companhia lírica.  Durante aquele dia funcionaria ainda, nas dependências do Grupo Escolar da cidade, uma grande exposição-feira.

A prefeitura da cidade, em abril daquele ano, havia conseguido junto ao Governo do Estado 50 contos de réis para a realização dos festejos que deveriam se estender até o dia 25 de julho.

Tudo fazia prever que os festejos chegariam a seu término, em clima de muita animação, chegando a Santo Amaro, nos bondes, ônibus e automóveis milhares de pessoas vindas de todas as partes.

Na noite do dia 9 de julho, em São Paulo, estudantes e membros da Força Pública invadem estações de rádio, de telégrafos e telefônicas dando início à Revolução Constitucionalista de 1932.

Nas primeiras horas da bela manhã ensolarada do dia 10 de julho, chega a Santo Amaro a grande notícia vinda da capital:

“Como uma bomba aqui chegou a notícia tremenda: São Paulo, altivo e forte como sempre, glorioso e intrépido como nunca, esgotados os meios brandos, cansado de pedir com humildade a volta do país ao regime legal, levantara-se, e de armas em punho exigia a Constituição! Era a guerra sem trégua pelo direito e pela justiça, competindo a cada paulista digno desse nome o abandono de tudo, sendo trocado o conforto dos lares pelas agruras das trincheiras em que tremulava o lábaro sacrossanto, listado de negro e branco!” 1

O santamarense se viu então obrigado a esquecer dos festejos de sua cidade, suspendendo-os, para imediatamente trocar o smoking pela farda cáqui do Exército Constitucionalista.

Na manhã do dia 10, oradores discursavam da sacada da Câmara Municipal esclarecendo à população os acontecimentos que haviam ocorrido na capital no dia anterior e a situação do Estado que se via envolvido na maior guerra civil de sua história. As pessoas acompanhavam atentamente as palavras e em uníssono davam vivas a São Paulo.

A comissão responsável pelos festejos reúne-se com o prefeito e membros do legislativo municipal na Câmara. Decidem partir, em automóveis, para São Paulo, ao Palácio dos Campos Elísios (sede do Governo do Estado) a fim de prestar apoio ao Governador naquilo que seja necessário ao movimento revolucionário.  Lá são recebidos por Pedro de Toledo que os direciona ao Coronel Euclydes Figueiredo, comandante operacional das forças constitucionalistas. O militar indaga a um membro da comissão o que queriam e este responde de forma convicta: Armas e munição! O Coronel pensa por um momento e em seguida declara: “Está organizada a Companhia do Exército Isolado de Santo Amaro”. Primeiro contingente constituído na Revolução de 32. A Companhia passaria a ser conhecida pela sigla CIESA e chegaria a contar com 300 homens.

                                             
                                               Coronel Euclydes Figueiredo (à esquerda) 


 Voluntários de Santo Amaro ao lado do prédio da prefeitura do municipal

              
Toda a comissão de festejos do centenário passa a integrar a Companhia. O secretário da comissão, o tenente2 Luiz Matos de Araújo assume o comando ficando no sub comando o tenente Moupyr Monteiro. Os demais integrantes da comissão ocupam outras funções na Companhia como médicos, capelão, engenheiros, sargentos e soldados, todos de Santo Amaro, sem exceção.


Soldados em instrução
                         
                                                           
CIESA em marcha pelas ruas de Santo Amaro


Soldados na Avenida Adolfo Pinheiro

A CIESA, por ordem do Coronel Euclydes, dirige-se então à cidade de Santos (após rápido estágio na serra de Cubatão), onde deveriam se apresentar ao comandante do Exército Constitucionalista naquela cidade, o Coronel  Mello Matos. Este determina que ocupem  a divisa com o Paraná, no litoral.



A CIESA ocupa a linha que vai de Cananéia à Xiririca (hoje Eldorado Paulista) entrando nesta última cidade após desalojar o inimigo que aí se colocara em perseguição às forças dos batalhões constitucionalistas “Barbosa e Silva” e “Marcílio Franco” que haviam recuado a partir do setor de Apiaí.

Após renhidos combates a CIESA não só expulsa os inimigos da cidade como também captura várias metralhadoras deixadas por eles durante a fuga. O comando da Companhia decide avançar Paraná adentro tomando a cidade de Porto da Linha, na baía de Paranaguá, importante trevo radio-telefônico. Durante os 15 dias que se seguiram é a única força paulista sediada em território inimigo.

Por ser muito extensa a linha de combate, a CIESA se retira para Cananéia que é retomada pelo inimigo em poucos dias. Os soldados santamarense reagem e uma patrulha de apenas 30 homens retoma a cidade após duro combate no qual são feitos 16 prisioneiros do exercito inimigo. Passam a guarnecer a cidade apenas 5 soldados as CIESA armados de uma metralhadora pesada. Essa pequena guarnição evita uma invasão do inimigo em canoas obrigando-os a se renderem e a entregarem suas armas. Mais 80 soldados inimigos são feitos prisioneiros. Este foi sem dúvida um dos mais brilhantes feitos da CIESA e de toda a Revolução de 1932.

A CIESA então se divide em dois pelotões: um reforça o contingente de Cananéia e o outro se dirige aos combates em Itapitangui ao norte. O pelotão que guarnece Cananéia é duramente atacado por um contingente inimigo cinquenta vezes maior. O comandante da tropa inimiga exige que o comandante da CIESA se renda com seus homens. Este convida o comandante inimigo a vir buscar as armas de seus soldados...

A CIESA ainda auxiliaria a Força Pública de São Paulo na liberação de Xiririca que se encontrava cercada pelo inimigo. O contingente é dividido em duas colunas: uma deveria seguir pela estrada Jacupiranga-Xiririca e a outra deveria subir o Rio Ribeira em barcos.

No dia seguinte a CIESA rompe o cerco e pela segunda vez toma Xiririca. Nesta batalha morre o soldado voluntário santamarense Delmiro Sampaio, única baixa da Companhia durante toda a campanha.

Ao final da Revolução a CIESA havia sofrido apenas essa baixa e tinha ainda mais 18 feridos. O corpo médico da Companhia fez excelente trabalho fundando na área da atuação da CIESA 5 hospitais de emergência  e um hospital central em Pariquera-Açú. Como medida preventiva, fazia o corpo médico que todos os integrantes da CIESA tomassem diariamente um comprimido de quinina (medicamento com funções antitérmicas, antimaláricas e analgésicas).

Ao final da campanha, com todo o setor sul tomado pelos inimigos sulistas, a Companhia recebe ordens de voltar a Santos e ajudar no policiamento de cidade que era palco de uma grande greve de estivadores.

Em 12 de outubro, já cessadas as hostilidades entre revolucionários e legalistas, a CIESA desfila na cidade de São Paulo indo da Estação da Luz à Praça da Sé sob aplausos da população paulistana.




1  Caldeira, João Netto. “Álbum de Santo Amaro: A História dos Santamarenses”, 1935, pág. 93.

2  Comissionado posteriormente no posto de Capitão.

BIBLIOGRAFIA

CALDEIRA, João Netto. “Álbum de Santo Amaro: A História dos Santamarenses”. Ed. Bentivegna e Netto, 1935
BERARDI, Maria Helena Petrillo. "História dos Bairro de São Paulo: Santo Amaro". Ed. Prefeitura de São Paulo, 1969

FOTOS

http://tudoporsaopaulo1932.blogspot.com.br/2014/07/a-epopea-de-piratininga.html
http://tudoporsaopaulo1932.blogspot.com.br/2013/03/imagens-da-revolucao.html
Projeto "A fotografia como concepção histórica" do Prof. Carlos Fatorelli
CETRASA - Centro das Tradições de Santo Amaro