quinta-feira, 29 de outubro de 2015

DECÁLOGO DA VICTORIA



O movimento constitucionalista vencerá:

1)          Porque é um movimento de opinião;
      
     2)     Porque taes reivindicações são inspiradas por Deus e, jamais, fracassaram;
      
     3)     Porque seus soldados trazem um ideal no coração, o mesmo não succedendo aos seus irmãos de além fronteira;
      
     4)     Porque tudo aqui é feito pelo povo, absolutamente identificado com a causa abraçada; o mesmo não acontecendo com os que, iludidos, defendem a Dictadura – tudo lá lhes sabe a peso de ouro;
       
     5)     Porque a guerra depende decisivamente do fator econômico, o qual, mercê de Deus, não falta a esse povo laborioso;
      
     6)     Porque a efficiência do soldado na trincheira, depende, sobremodo, do trabalho da retaguarda – e aqui há ordem, disciplina, e racionalização do serviço bellico;                       

     7)     Porque a mulher constitucionalista vibra e labuta no aprestamento da victoria;
   
     8)     Porque à medida que cresce nossa eficiência, tudo nos indica o depauperamento dictatorial;
    
     9)    Porque a dictadura está irremediavelmente desacreditada e desmoralizada;
      
    10)   Porque 40 milhões de habitantes, deste glorioso Brasil, anseiam pela Ordem e pela Lei.



Publicado no Jornal Folha da Manhã de 13 de setembro de 1932

terça-feira, 27 de outubro de 2015

O BRASÃO DE SANTO AMARO




O brasão de armas de Santo Amaro foi elaborado em 1926 por Affonso d’Escragnolle Taunay (que o concebeu) e José Wasth Rodrigues (que o desenhou e pintou).

Nele veem-se representados: as matas da então Vila de Santo Amaro, a figura do bandeirante, um militar do exército de Morgado de Matheus, índios Guaianazes (primeiros habitantes do local) e o escudo da família do Padre José de Anchieta (personagem de destaque durante a fundação do então povoado no século XVI). 

Padre José de Ancheieta - "Apóstolo do Brasil"

Na parte inferior do brasão uma representação de máquinas rudimentares utilizadas naquela que é considerada a primeira usina (engenho) de ferro das Américas. Segundo Edmundo Zenha, grande historiador de Santo Amaro, “o engenho de Nossa Senhora da Assunção de Ibirapuera começou a funcionar em 1607 e achava-se localizado nas terras de Martim Rodrigues Tenório de Aguiar”. Em 1629, com a morte de seu proprietário, o engenho, que ficava mais ou menos onde hoje está o Centro Empresarial, foi abandonado.

Centro Empresarial de São Paulo

Em 13 de fevereiro de 1928 o brasão de Santo Amaro foi oficializado por meio da Lei Municipal nº 62 (grafia original):

A Câmara Municipal de Santo Amaro Decreta:
Art. 1º - Fica approvado o projecto para o brazão para a cidade Santo Amaro, organizado pelo eminente historiador pátrio Dr. Affonso d’Escragnolle Taunay, cujo teor é o seguinte:

a)            Escudo redondo, portuguêz, encimado pela coroa mural, distinctiva das cidades, cortado   e partido;
b)         No primeiro quartel partido, apparecem à dextra, em campo de prata, árvores de sinople verde de uma floresta traduzindo o nome de Ibirapoéra, do nosso abanheenga, que no dizer da autoridade notável de Theodoro Samapaio significa “a matta grande”, o que concorda com a lição do insigne indianólogo Baptista Caetano de Almeida Nogueira;
c)     À senestra, em capo de ouro, cabeças de índios de carnação “affrontadas” para um escudete que é o brazão da família do Venerável Joseph Anchieta;
d)    No segundo quartel, em campo de goles (vermelho), uma machina antiga de forjar, segundo estampa de princípios do século XVII, com uma armação de madeira ao natural e a saíra (grande bigorna)  e malhão (grande martelo de forjar) de prata;
e)    Como tenentes, à dextra, uma bandeirante armado de arcabuz e revestido de seu característico gibão de armas, à senestra, um official de milícia regional, do tempo em que D. Luiz Antonio de Souza, Morgado de Matheus, fez a reorganização das forças militares da Capitania de São Paulo, recém estabelecida (documento do Archivo do Estado de São Paulo);
f)             Sobre a porta central da corôa mural, um escudete simula esculpidos em campo vermelho um livro da Regra de Santo Amaro, discípulo predilecto de São Bento e abbade;
g)   No listão inscreve-se em letras de goles e fundo de prata a divisa da cidade: ANTIQUISSIMUM GENUS PAULISTA MEUM (Pertenço à mais velha grey paulista).

Art. 2º - Para timbre nos papeis municipaes fica adoptado um escudo redondo com a parte do brazão descripta na letra “d” eneimado pela corôa mural e curcundado pelo listão com a divisa.

Art. 3º - Para distinctivo municipal, fica adoptado o escudo descripto no art. 2º (em ouro e esmalte) com designação do cargo.

§ único – O distinctivo será entregue mediante carga assignada em livro especial.

Art. 4º - Fica aberto o crédito necessário para a execução da presente lei.

Art. 5º - Revogam-se as disposições em contrário.
Prefeitura Municipal da Santo Amaro, em 13 de fevereiro de 1928

O Prefeito Municipal
(a)  Isaías Branco de Araújo

Referências bibliográficas:

GUERRA, Juvencio; GUERRA, Jurandyr. ALMANACK COMEMORATIVO DO 1º CENTENÁRIO DO MUNICÍPIO DE SANTO AMARO. São Paulo, Graphico Rossolill, 1932.

BERARDI, Maria Helena Petrillo. SANTO AMARO MEMÓRIA E HISTÓRIA, São Paulo, Scortecci Editora, 2005.

Pesquisas Internet (acessos em 26/10/2015)

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

TENENTE OSCAR PENTEADO STEVENSON




Francisco Oscar Penteado Stevenson nasceu em Campinas em 21 de março de 1900, filho do engenheiro Carlos William Stevenson (1869 – 1946) e Rita Nogueira Penteado Stevenson. Acompanhando os deslocamentos a trabalho de seu pai, viveu e cresceu entre as cidades de Campinas, Recife, Caxambú e Rio de Janeiro, onde foi aluno do Colégio Pedro II. Concluiu o ensino médio no Gymnasio do Estado de Campinas em 1919.  Casou-se em 1925 com Lourdes Penteado Stevenson com quem teve apenas uma filha: Eunice Penteado Stevenson. Residiu por muitos anos na cidade e no depois bairro de Santo Amaro.

Carreira Acadêmica

Ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo na qual se graduou como primeiro colocado da Turma nº 93 em 1924 recebendo pelo mérito o prêmio “Duarte de Azevedo”.

Além de advogado renomado, foi professor de história e português no Mackenzie College, no Gymnasio Nacional Rio Branco, no Gymnasio Oswaldo Cruz e na Escola de Comércio de Comércio Alvares Penteado. Foi professor de etnologia e etnogenia na Faculdade de Filosofia de São Paulo. Foi professor de criminologia e técnica policial na antiga Escola de Polícia de São Paulo. Livre docente em Direito Penal pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Foi catedrático da Faculdade Nacional de Direito, por onde se aposentou. Possui diversas obras publicadas, entre elas: “Disciplina Social”, “Do Crime Falimentar”, “Direito Penal Comum”, “Fatores do Crime”, etc. Foi o redator do anteprojeto do primeiro Código Penitenciário nacional em 1957.

Carreira Política

Ocupou diversos cargos públicos, alguns por nomeação outros por eleição. Merecem destaque os de vereador do Município de Santo Amaro até 1930,  quando foi secretário da mesa diretora da casa; membro do Conselho Consultivo do Estado em 1932 durante o Governo Revolucionário de Pedro de Toledo; membro do Conselho Consultivo de Santo Amaro; Vice-Presidente da Federação dos Voluntários de São Paulo; Deputado Federal pelo Partido Constitucionalista de São Paulo e Secretário Municipal dos Negócios Jurídicos da Prefeitura de São Paulo nos anos 50.

Revolução de 1932

Durante a Revolução ocupou papel de destaque ajudando na organização e integrando o agrupamento de voluntários da cidade de Santo Amaro que partiu para o front sul-litorâneo do Estado: CIESA (Companhia Isolada do Exército de Santo Amaro). Recebeu do comandante do setor, coronel Mello Mattos, o posto comissionado de 2º tenente.

Em 25 de abril de 1935 foi homenageado por sua participação na Revolução com jantar servido no Clube Português de São Paulo. Na ocasião recebeu de seus ex-comandados, entre outros mimos, um álbum de fotografias com registros da campanha santamarense na Epopeia de 32.

Faleceu em 10 de novembro de 1977 na cidade do Rio de Janeiro.

Referências

Caldeira, João Netto. “Álbum de Santo Amaro: A História dos Santamarenses”. Ed. Bentivenga e Netto, 1935

Jornal Correio Popular de Campinas, edição de 1º de novembro de 1973

www.arcadas.org.br – acesso em 16/10/2015