segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

CORONEL SALGADO: TRAGÉDIA EM SANTO AMARO



Na manhã do dia 23 de julho de 1932, no local onde hoje se localiza o terminal de passageiros do Aeroporto de Congonhas, faleceu o então comandante da Força Pública de São Paulo, coronel Júlio Marcondes Salgado. 

Em plena Revolução de 32, Marcondes Salgado além outros militares e civis acompanhavam a demonstração de um novo tipo de morteiro desenvolvido pelos paulistas para ser usado na Revolução.

O Aeroporto de Congonhas ainda não havia sido inaugurado (só o seria em 1936) e o local, às margens da Auto Estrada Washington Luis, mostrava-se como um bom local para exercícios de tiro já que se tratava de uma grande área plana e descampada.

O Aeroporto de Congonhas e a Av. Washington Luis em 1936

Contudo, quis o destino que um dos projeteis lançados explodisse na boca no lançador atingindo aqueles que acompanhavam o disparo. Estilhaços do projetil atingiram o coronel Salgado da altura do pescoço, seccionando-lhe a carótida e matando-o instantaneamente.
Em decorrência da mesma explosão morreu também o capitão da Força Pública e inventor do morteiro José Marcellino da Fonseca. Ferido gravemente, não resistiu aos ferimentos e entrou em óbito a caminho do hospital.

Morteiro que vitimou os oficiais (note-se o pedaço faltando na boca da arma)

Ficaram também feridos o General Bertoldo Klinger, comandante do Exército Constitucionalista (levemente no braço) e, também sem gravidade, outros oficiais do Exército e da Força Pública que acompanhavam os testes.

O jornal Folha da Manhã de 24 de julho de 1932, ao dar a notícia do ocorrido, assim se referiu ao falecido coronel: “O comandante Salgado impôs-se, desde o início da campanha constitucionalista, como um devotado servidor da causa abraçada por São Paulo e Mato Grosso. Expressando as aspirações unânimes da distinta oficialidade, o chefe do comando da Força Pública, não hesitou um momento sequer em colocar-se ao lado dos homens a quem coube a elevada missão de reconduzir a Nação ao regime da Lei, da Liberdade e da Justiça.”

Na tarde do dia 23, o General Klinger foi ao rádio explicar à população as circunstâncias do desastre que vitimou o comandante da Força Pública. Referindo-se ao seu desventurado companheiro de lutas, proferiu o general as seguintes palavras: “O coronel Salgado tombou como um bravo. Honremos a sua memória como ele havia de querer.”  


General Bertoldo Klinger

Às 21 horas do dia 23 os corpos do coronel Salgado e do capitão Marcellino foram transladados da Faculdade de Medicina para o Palácio da Cidade, onde foi realizado o velório e cerimônia de câmara ardente. Durante a madrugada grande foi o número de pessoas que visitaram os corpos dos malogrados defensores da lei.

Funeral do coronel Salgado e do capitão Marcellino

O enterro, precedido de cortejo fúnebre pelas ruas da Capital, deu-se às 15 horas do dia 24 de julho de 1932 no Cemitério São Paulo.

Cortejo fúnebre ao passar pelo centro de São Paulo

O governador de São Paulo à época, Pedro de Toledo, promoveu post mortem o coronel Júlio Marcondes Salgado ao posto de General Comandante da Força Pública com base no Decreto Estadual nº 5602 de 23 de julho de 1932.

Referências


Jornal Folha da Manhã. Edições de 23 e 24 de julho de 1932 (disponível em www.acervo.folha.com.br)

Jornal O Estado de São Paulo de 10 de abril de 1936 (disponível em www.acervo.estadao.com.br)

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