sexta-feira, 6 de novembro de 2015

CORONEL EUCLYDES FIGUEIREDO


Nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 12 de novembro de 1883. Ingressou no Colégio Militar do Rio de Janeiro aos 10 anos. Foi admitido como cadete na Escola Militar da Praia Vermelha em 1901 e lá teve sua primeira experiência revolucionária tomando parte da Revolta da Vacina em 1904. Expulso da escola com outros colegas, foi anistiado e readmitido 1 anos depois.

Por ter se destacado nos estudos enquanto cadete, após formado, ganhou bolsa de estudos para aperfeiçoamento na Alemanha, junto ao Exército Imperial Alemão, de lá regressando em 1912.

No ano seguinte, 1913, se casa com Valentina Silva de Oliveira Figueiredo com quem teve 5 filhos entre eles João Baptista Figueiredo, presidente do Brasil entre 1979 e 1985.


Coronel Euclydes e o filho Guilherme em 1932

O 30º Presidente do Brasil - João Baptista Figueiredo
                                                                  
Ainda na década de 10 funda com outros jovens oficiais do Exército, que também haviam participado da missão na Alemanha (aqui conhecidos como “jovens turcos”), a Liga da Defesa Nacional e revista Defesa Nacional que tinham entre seus objetivos a modernização do Exército Nacional.

De convicções políticas marcadamente civilistas, ao contrário da maioria dos demais oficiais do Exército, positivistas, opõe-se, ficando ao lado do governo e combatendo os insurgentes durante a revolta tenentista de 1922.

Em 1923, como capitão lotado no gabinete do Ministro da Guerra Setembrino de Carvalho, Euclydes vai ao Rio Grande do Sul mediar o fim da revolta ocorrida no interior do estado.  Tem participação ativa na assinatura do Tratado de Pedras Altas pelo qual os partidários dos políticos gaúchos Borges de Medeiros e Assis Brasil põem fim aos combates. Nesta ocasião se aproxima destes e de outros líderes gaúchos como Osvaldo Aranha, Flores da Cunha e João Neves da Fontoura.

Absteve-se de apoiar qualquer um dos dois candidatos na eleição presidencial ocorrida em março de 1930: Julio Prestes e Getúlio Vargas. Porém acreditava que cabia ao Exército apoiar o vencedor nas urnas, que, a despeito das suspeitas de fraude levantadas, foi Prestes. Acreditava que o Exército deveria manter-se longe da política, como defensor da constituição e dos anseios populares.

Durante a Revolução de 1930, já no posto de coronel comandante da 2ª Divisão de Cavalaria de Alegrete/RS, mantém-se ao lado da legalidade não tomando parte do movimento revolucionário de outubro daquele ano, mesmo após ser convidado a dele participar pelo amigo Osvaldo Aranha.

Osvaldo Aranha
Foi preso. Libertado no ano seguinte inicia conspiração - sob a perseguição implacável da polícia política de Vargas - junto a políticos paulistas e gaúchos que levaria à Revolução Constitucionalista de 1932.

Na manhã do dia 9 de julho de 32 chega à capital paulista para dar início ao levante. Na madrugada do dia seguinte toma o comando da 2ª Região Militar localizado na Chácara do Carvalho, no bairro da Barra Funda. Permaneceu como comandante da 2ª Região Militar até 12 de julho quando passou o comando ao seu antigo colega de missão na Alemanha, General Bertoldo Klinger, que daquela data em diante seria o comandante-geral das operações militares da Revolução. O coronel Euclydes dirigiu-se então à cidade de Cachoeira Paulista/SP onde instalou seu posto de comando e chefiou a 2ª Divisão de Infantaria em Operações na qual combateu, até o fim da Revolução, em diversas localidades no Vale do Paraíba (chamado Setor Norte da campanha).

Com o armistício que pôs fim à Revolução em 2 de outubro de 1932, Euclydes junto com outros seis companheiros decidem fugir para o Rio Grande do Sul, onde acreditavam que havia ainda alguma atividade revolucionária.  Apoiados e patrocinados por simpatizantes, empreendem verdadeira aventura para tentar dar continuidade à revolução iniciada em 9 de julho. Desembarcam de trem em  Mogi das Cruzes e de lá partem  para Santo Amaro por estradas vicinais, disfarçados, evitando a todo custo serem reconhecidos e presos pela polícia. Em Santo Amaro descem a Serra do Mar a pé por meio de trilhas. No pé da serra pegam um pequeno note que os leva até a praia de Guaraú em Peruíbe. De lá partem em um barco de pesca rumo ao Rio Grande do Sul.

O barco, que se chamava Odete, era pilotado por um barqueiro cujo apelido era “major”. Ao aportarem na Ilha dos Afogados, em Santa Catarina, pescadores locais ouviram quando um dos revolucionários chamou pelo apelido o barqueiro. A suposta presença de um “major” abordo da traineira, naqueles tempos de revolução, acabou chegando aos ouvidos da guarnição do Exército local. O comandante da guarnição determina a prisão de todos os ocupantes do barco, entre eles o coronel Euclydes.

Foi mandado ao Rio de Janeiro onde ficou preso junto a outros presos políticos ligados à Revolução Constitucionalista na Casa de Correição. Em outubro de 1932 foi exilado junto a outras dezenas de presos para Portugal. De lá conseguiu, ao lado de mais alguns companheiros, viajar para a Argentina onde já se encontravam outros revolucionários exilados, entre eles seu antigo chefe de estado maior no Vale do Paraíba, coronel Palimércio de Rezende.

Coronel Palimércio de Resende

Retornou ao Brasil em 1934 assim como todos os demais exilados políticos da Revolução de 32. Afastado do Exército uniu-se ao amigo e companheiro de lutas Palimércio e fundou uma empresa de engenharia. Em 1937, com o advento do Estado Novo de Vargas foi novamente preso ficando nessa situação até 1942. Perdeu seus direitos políticos e inclusive a própria cidadania sendo considerado, desde a sua prisão, como civilmente morto! Sua esposa recebia pensão de viúva e seus filhos eram considerados pela lei como órfãos!

Com a declaração de guerra do Brasil às potências do Eixo em julho de 1942, apresentou-se, como voluntário, para fazer parte da Força Expedicionária Brasileira que combateria na Itália. No ato da inscrição omitiu sua condição de ex-coronel, entretanto acabou sendo reconhecido por oficiais responsáveis pelo alistamento. Euclydes Figueiredo estava com 55 anos! A tentativa de inscrição como voluntário foi indeferida.

Em 1945 foi eleito deputado federal pela UDN e participou da Assembleia Constituinte que promulgou a Constituição Federal de 1946. Quando de sua diplomação como deputado ainda estava impedido do gozo de seus direitos políticos. Vivia-se já a abertura democrática e uma lei então foi promulgada revertendo-o à inatividade do Exército e concedendo-lhe a promoção a general-de-brigada.

Em 1950 tentou sem sucesso eleger-se senador pelo Distrito Federal e perdeu nova eleição para deputado federal em 1954.

Faleceu em Campinas em 20 de dezembro de 1963 aos 80 anos de idade.



Referências

FIGUEIREDO, Guilherme. Guilherme Figueiredo (depoimento, 1977). Rio de Janeiro, CPDOC


DUARTE, Paulo. Palmares pelo Avesso. São Paulo, Editora Progresso, 1947.

Um comentário:

  1. Parabéns! Excelente artigo, trouxe novas perspectivas sobre o ilustre "Coronel Euclydes Figueiredo".

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