quinta-feira, 7 de julho de 2016

OS BATALHÕES INFANTIS NA REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 1932



Os batalhões de voluntários ou “batalhões patrióticos” foram fundamentais para o esforço de guerra dos paulistas em 1932. Estima-se que 100 mil rapazes se alistaram para combater a ditadura Vargas entre julho e setembro daquele ano. Porém nem todos chegaram a partir para o front devido à falta de fuzis para todos.  Não mais do que 10 mil voluntários participaram de combates na Revolução de 32.

Integrar um batalhão de voluntários era uma honra e um compromisso desses jovens com São Paulo e com o Brasil. Vagas em alguns desses famosos batalhões como o “Piratininga”, o “14 de julho” ou o “Borba Gato”, chegavam a ser compradas por jovens paulistas ávidos por entrar em combate empunhando seus fuzis nas trincheiras da lei.

Entretanto nem todos os homens em idade compatível com o serviço militar se alistaram.

Com o intuito de estimular aqueles que muitas vezes por medo não se voluntariavam e exaltar valores como o civismo e o patriotismo na população foram criados os batalhões infantis. Meninos vestidos com fardas cáqui, bibicos ou pequenos capacetes de aço e empunhando simulacros de armas de fogo marcharam pelas ruas de São Paulo. Meninas vestidas como enfermeiras. As pequenas paradas emocionaram a população paulista e deixaram muitos rapazes em situação constrangedora...



Aureliano Leite – um dos fundadores da Sociedade MMDC e personagem importantíssimo da Revolução – narra em sua obra “Martírio e Glória de São Paulo” seu testemunho de um desses desfiles ocorrido em 6 de agosto de 1932:

“Para os lados da Avenida São João, na direção do Correio, desfilavam tropas, ladeadas da multidão. O curioso era que minha vista não alcançava os soldados. Achei esquisito. Apressei o passo. Era uma companhia de molecotes. Trinta crianças, bonés de jornal, facões de madeira e supostos clavinotes nos ombros, passo cadenciado e firme, marchavam solenemente. A bandeira trazia essa legenda: Se for preciso nós também iremos!”




*Clavinote: Pequena clavina ou carabina


Bibliografia


LEITE, Aureliano. “Martírio e Glória de São Paulo”. Editora Revista dos Tribunais. São Paulo: 1934, p. 201.

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