quarta-feira, 11 de maio de 2016

TRANSLADAÇÃO DOS RESTOS MORTAIS DO VOLUNTÁRIO DELMIRO SAMPAIO

Antigo túmulo de Delmiro Sampaio no Cemitério de Santo Amaro


A tocante cerimônia realizada em Santo Amaro – discurso do Sr. Plínio Negrão

Realizou-se domingo último, em Santo Amaro, a transladação, para o cemitério local, dos despojos mortais do voluntário Delmiro Sampaio, tombado heroicamente num dos combates em Lageado, durante a revolução constitucionalista de 1932.

A tocante cerimônia verificou-se às 10 horas e meia, notando-se a presença de inúmeras autoridades civis e militares, além de grande massa popular.

Os despojos do jovem paulista foram transportados em uma carreata do Corpo de Bombeiros, e cobertos pela bandeira paulista tendo, no trajeto, passado pela rua que recebeu o nome do bravo voluntário, onde, ao descobrir a placa velada com crepe, inaugurando-a, falou o Dr. Luiz Cortez, um dos companheiros de trincheira dos voluntários do batalhão Santo Amaro.

Placa inaugurada em 1935 e hoje em exibição no museu do CETRASA

No cemitério falaram sobre o morto, exaltando seu denodo e patriotismo o professor Plínio Negrão, secretário do Instituto de Educação, Dr. Carlos Singer e Dr. Waldemar Teixeira Pinto, que fez a chamada pelo nome do bravo voluntário, respondendo todos os presentes.



Do discurso pronunciado pelo professor Plínio Negrão, destacamos os seguintes trechos:

“Vim para cá convencido de que não levamos um morto às regiões do esquecimento, mas, que nos incorporamos a uma marcha de exaltação cívica, para o acompanhamento apoteótico de um herói, até o pórtico da imortalidade!

E é bem isso, Delmiro Sampaio, que nós todos sentimos.

Se é certo que a razão nos convence de que esta urna encerra os teus despojos, como uma relíquia e um símbolo do estoicismo e das atitudes eretas dos Anhangueras de Piratininga, a consciência dos teus feitos nos afirma a tua sobrevivência entre nós, para que não se apague nunca o fogo sagrado de nosso paulistismo inflamado pelo teu heroísmo, pelo teu exemplo e pelo teu sacrifício.

Que vives conosco na nossa memória, no nosso coração e na gratidão de nossa gente, eu o juro, porque todos nós te divisamos ali no pelotão em forma, pronto para a marcha, entre os camaradas queridos, perfilado e atento, a mão firme sobre o fuzil incansável, e o olhar predestinado sorrindo para o futuro da terra que amaste e que os borbotões do teu sangue moço e generoso fecundaram para as searas que hão de vir.

E esta convicção é ainda mais viva quando acabamos de ouvir a tua voz na do teu batalhão, respondendo à chamada do teu comandante, como sempre respondeste, na iminência das pelejas e na hora das incertezas.”


Professor Plínio Negrão


Publicado no jornal Correio de São Paulo em 13/12/1935 (texto adaptado gramaticalmente)

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