terça-feira, 27 de outubro de 2015

O BRASÃO DE SANTO AMARO




O brasão de armas de Santo Amaro foi elaborado em 1926 por Affonso d’Escragnolle Taunay (que o concebeu) e José Wasth Rodrigues (que o desenhou e pintou).

Nele veem-se representados: as matas da então Vila de Santo Amaro, a figura do bandeirante, um militar do exército de Morgado de Matheus, índios Guaianazes (primeiros habitantes do local) e o escudo da família do Padre José de Anchieta (personagem de destaque durante a fundação do então povoado no século XVI). 

Padre José de Ancheieta - "Apóstolo do Brasil"

Na parte inferior do brasão uma representação de máquinas rudimentares utilizadas naquela que é considerada a primeira usina (engenho) de ferro das Américas. Segundo Edmundo Zenha, grande historiador de Santo Amaro, “o engenho de Nossa Senhora da Assunção de Ibirapuera começou a funcionar em 1607 e achava-se localizado nas terras de Martim Rodrigues Tenório de Aguiar”. Em 1629, com a morte de seu proprietário, o engenho, que ficava mais ou menos onde hoje está o Centro Empresarial, foi abandonado.

Centro Empresarial de São Paulo

Em 13 de fevereiro de 1928 o brasão de Santo Amaro foi oficializado por meio da Lei Municipal nº 62 (grafia original):

A Câmara Municipal de Santo Amaro Decreta:
Art. 1º - Fica approvado o projecto para o brazão para a cidade Santo Amaro, organizado pelo eminente historiador pátrio Dr. Affonso d’Escragnolle Taunay, cujo teor é o seguinte:

a)            Escudo redondo, portuguêz, encimado pela coroa mural, distinctiva das cidades, cortado   e partido;
b)         No primeiro quartel partido, apparecem à dextra, em campo de prata, árvores de sinople verde de uma floresta traduzindo o nome de Ibirapoéra, do nosso abanheenga, que no dizer da autoridade notável de Theodoro Samapaio significa “a matta grande”, o que concorda com a lição do insigne indianólogo Baptista Caetano de Almeida Nogueira;
c)     À senestra, em capo de ouro, cabeças de índios de carnação “affrontadas” para um escudete que é o brazão da família do Venerável Joseph Anchieta;
d)    No segundo quartel, em campo de goles (vermelho), uma machina antiga de forjar, segundo estampa de princípios do século XVII, com uma armação de madeira ao natural e a saíra (grande bigorna)  e malhão (grande martelo de forjar) de prata;
e)    Como tenentes, à dextra, uma bandeirante armado de arcabuz e revestido de seu característico gibão de armas, à senestra, um official de milícia regional, do tempo em que D. Luiz Antonio de Souza, Morgado de Matheus, fez a reorganização das forças militares da Capitania de São Paulo, recém estabelecida (documento do Archivo do Estado de São Paulo);
f)             Sobre a porta central da corôa mural, um escudete simula esculpidos em campo vermelho um livro da Regra de Santo Amaro, discípulo predilecto de São Bento e abbade;
g)   No listão inscreve-se em letras de goles e fundo de prata a divisa da cidade: ANTIQUISSIMUM GENUS PAULISTA MEUM (Pertenço à mais velha grey paulista).

Art. 2º - Para timbre nos papeis municipaes fica adoptado um escudo redondo com a parte do brazão descripta na letra “d” eneimado pela corôa mural e curcundado pelo listão com a divisa.

Art. 3º - Para distinctivo municipal, fica adoptado o escudo descripto no art. 2º (em ouro e esmalte) com designação do cargo.

§ único – O distinctivo será entregue mediante carga assignada em livro especial.

Art. 4º - Fica aberto o crédito necessário para a execução da presente lei.

Art. 5º - Revogam-se as disposições em contrário.
Prefeitura Municipal da Santo Amaro, em 13 de fevereiro de 1928

O Prefeito Municipal
(a)  Isaías Branco de Araújo

Referências bibliográficas:

GUERRA, Juvencio; GUERRA, Jurandyr. ALMANACK COMEMORATIVO DO 1º CENTENÁRIO DO MUNICÍPIO DE SANTO AMARO. São Paulo, Graphico Rossolill, 1932.

BERARDI, Maria Helena Petrillo. SANTO AMARO MEMÓRIA E HISTÓRIA, São Paulo, Scortecci Editora, 2005.

Pesquisas Internet (acessos em 26/10/2015)

6 comentários:

  1. Vide:

    A FÁBRICA DE FERRO NO MORRO DA BARRA DE SANTO AMARO – SÉCULO XVII – UMA INDAGAÇÃO

    http://carlosfatorelli27013.blogspot.com.br/2012/02/fabrica-de-ferro-no-morro-da-barra-de.html

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  2. Parece que temos uma “diferença” de morros: o da Barra onde foi implantada a usina de 1607, quase próximo onde está sendo feita a “garagem” do metrô e o morro do Eliseu onde foi implantado o Centro Empresarial, no bairro Jardim São Luiz. São próximos um do outro.

    O morro do Elizeu no Jardim São Luiz, Santo Amaro
    http://www.saopaulominhacidade.com.br/historia/ver/9346/O%2Bmorro%2Bdo%2BElizeu%2Bno%2BJardim%2BSao%2BLuiz%252C%2BSanto%2BAmaro

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  3. Parece que temos uma “diferença” de morros: o da Barra onde foi implantada a usina de 1607, quase próximo onde está sendo feita a “garagem” do metrô e o morro do Eliseu onde foi implantado o Centro Empresarial, no bairro Jardim São Luiz. São próximos um do outro.

    O morro do Elizeu no Jardim São Luiz, Santo Amaro
    http://www.saopaulominhacidade.com.br/historia/ver/9346/O%2Bmorro%2Bdo%2BElizeu%2Bno%2BJardim%2BSao%2BLuiz%252C%2BSanto%2BAmaro

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  4. É verdade professor. A fábrica ficava no Morro da Barra que por sua vez ficava próximo ao do Elizeu onde está o CENESP. Obrigado.

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Há relatos de algum vestígio arqueológico desse engenho?

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