segunda-feira, 10 de agosto de 2015


O TERRÍVEL TREM BLINDADO



Das armas usadas pelos paulistas durante a Revolução de 32 talvez a mais impressionante tenha sido o Trem Blindado (TB). Seis deles operaram durante a Revolução nas frentes Sul, Leste ou Mineira e Norte (Vale do Paraíba).

Segundo o Coronel Euclydes Figueiredo, comandante das tropas paulistas no Vale do Paraíba, o trem foi “um valioso engenho de guerra criado pelos engenheiros ferroviários paulistas. Compunham-no dois carros-bagagem da E.F. Paulista, tendo de permeio uma locomotiva. Esses três elementos, separadamente eram envoltos por uma couraça, constituída de duplas chapas de aço com pranchões de madeira ao centro. Num dos carros abriam-se seteiras para metralhadoras pesadas e fuzis-metralhadoras e para observação dos tiros; no outro, o da frente, havia, além disso, dispositivo para colocação de uma peça 75. Iluminavam-lhe o caminho sobre o leito da estrada de ferro dois possantes projetores, que também serviam para clarear o campo de tiro de suas armas[1]

Coronel Euclydes Figueiredo

Apelidado pelos soldados ditatoriais de o “Fantasma da Morte”, este primoroso fruto da inventividade paulista levava o pânico às linhas inimigas. Seus holofotes (projetores) durante a noite iluminavam as trincheiras do adversário clareando os alvos para suas armas causando pesadas baixas aos ditatoriais.

Equívocos, como em qualquer guerra, aconteceram e nosso trem blindado atacou com precisão não apenas as trincheiras inimigas, mas também as paulistas! Verdadeiras ocorrências de “fogo amigo” verificadas em mais de uma ocasião e em  diferentes setores de combate. Paulo Duarte, oficial voluntário e ex-comandante de trem blindado, narra uma dessas ocorrências na região da divisa com o Rio de Janeiro: “Acordou-nos o Barbieri, anunciando a chegada dos mortos. ‘Que mortos?’ ‘Pois esta noite o trem blindado matou uma trincheira inteirinha nossa!’ Corremos à estação. Sobre uma gôndola recém- chegada, oito feridos. Dois em coma. Uns gemiam, outros sofriam em silêncio. Soldados em torno assistindo a remoção para uma ambulância. ‘Está vendo, seu capitão! Em vez de acabar com o inimigo, acaba com os nossos.’ ‘Como?’ interroguei de cara fechada. ‘O blindado que fez esse estrago![2]

Paulo Duarte - Fonte:unicamp.br/cedae



Trem Blindado que operou no Setor Sul - Estrada de Ferro Sorocabana





[1] FIGUEIREDO, Euclydes. CONTRIBUIÇÃO PARA A HISTÓRIA DA REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 1932, p.195. Livraria Martins Editora, 1981.
[2] DUARTE, Paulo. PALMARES PELO AVESSO, p.56. Instituto Progresso Editorial, 1947.

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