O BRASÃO DE SANTO AMARO
O brasão de armas de Santo Amaro foi elaborado em 1926
por Affonso d’Escragnolle Taunay (que o concebeu) e José Wasth Rodrigues (que o
desenhou e pintou).
Nele veem-se representados:
as matas da então Vila de Santo Amaro, a figura do bandeirante, um militar do exército de Morgado de Matheus, índios Guaianazes (primeiros habitantes
do local) e o escudo da família do Padre José de Anchieta (personagem de destaque
durante a fundação do então povoado no século XVI).
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Padre José de Ancheieta - "Apóstolo do Brasil" |
Na parte inferior do brasão
uma representação de máquinas rudimentares utilizadas naquela que é considerada
a primeira usina (engenho) de ferro das Américas. Segundo Edmundo Zenha, grande
historiador de Santo Amaro, “o engenho de Nossa Senhora da Assunção de
Ibirapuera começou a funcionar em 1607 e achava-se localizado nas terras de
Martim Rodrigues Tenório de Aguiar”. Em 1629, com a morte de seu proprietário,
o engenho, que ficava mais ou menos onde hoje está o Centro Empresarial, foi
abandonado.
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Centro Empresarial de São Paulo |
Em 13 de fevereiro de 1928 o brasão de Santo Amaro foi
oficializado por meio da Lei Municipal nº 62 (grafia original):
A
Câmara Municipal de Santo Amaro Decreta:
Art.
1º - Fica approvado o projecto para o brazão para a cidade Santo Amaro,
organizado pelo eminente historiador pátrio Dr. Affonso d’Escragnolle Taunay,
cujo teor é o seguinte:
a) Escudo redondo, portuguêz, encimado pela
coroa mural, distinctiva das cidades, cortado e partido;
b) No primeiro quartel partido, apparecem à
dextra, em campo de prata, árvores de sinople verde de uma floresta traduzindo
o nome de Ibirapoéra, do nosso abanheenga, que no dizer da autoridade notável
de Theodoro Samapaio significa “a matta grande”, o que concorda com a lição do
insigne indianólogo Baptista Caetano de Almeida Nogueira;
c) À senestra, em capo de ouro, cabeças de
índios de carnação “affrontadas” para um escudete que é o brazão da família do
Venerável Joseph Anchieta;
d) No segundo quartel, em campo de goles
(vermelho), uma machina antiga de forjar, segundo estampa de princípios do
século XVII, com uma armação de madeira ao natural e a saíra (grande
bigorna) e malhão (grande martelo de
forjar) de prata;
e) Como tenentes, à dextra, uma bandeirante
armado de arcabuz e revestido de seu característico gibão de armas, à senestra,
um official de milícia regional, do tempo em que D. Luiz Antonio de Souza,
Morgado de Matheus, fez a reorganização das forças militares da Capitania de
São Paulo, recém estabelecida (documento do Archivo do Estado de São Paulo);
f) Sobre a porta central da corôa mural, um
escudete simula esculpidos em campo vermelho um livro da Regra de Santo Amaro,
discípulo predilecto de São Bento e abbade;
g) No listão inscreve-se em letras de goles
e fundo de prata a divisa da cidade: ANTIQUISSIMUM GENUS PAULISTA MEUM
(Pertenço à mais velha grey paulista).
Art.
2º - Para timbre nos papeis municipaes fica adoptado um escudo redondo com a
parte do brazão descripta na letra “d” eneimado pela corôa mural e curcundado
pelo listão com a divisa.
Art.
3º - Para distinctivo municipal, fica adoptado o escudo descripto no art. 2º
(em ouro e esmalte) com designação do cargo.
§ único – O distinctivo será entregue mediante
carga assignada em livro especial.
Art. 4º - Fica aberto o crédito necessário para a
execução da presente lei.
Art.
5º - Revogam-se as disposições em contrário.
Prefeitura
Municipal da Santo Amaro, em 13 de fevereiro de 1928
O
Prefeito Municipal
(a) Isaías Branco de Araújo
Referências bibliográficas:
GUERRA, Juvencio; GUERRA, Jurandyr. ALMANACK COMEMORATIVO DO 1º CENTENÁRIO DO
MUNICÍPIO DE SANTO AMARO. São Paulo, Graphico Rossolill, 1932.
BERARDI, Maria Helena Petrillo. SANTO AMARO MEMÓRIA E HISTÓRIA, São Paulo, Scortecci Editora, 2005.
Pesquisas Internet (acessos em 26/10/2015)