TRANSLADAÇÃO
DOS RESTOS MORTAIS DO VOLUNTÁRIO DELMIRO SAMPAIO
Antigo túmulo de Delmiro Sampaio no Cemitério de Santo Amaro |
A
tocante cerimônia realizada em Santo Amaro – discurso do Sr. Plínio Negrão
Realizou-se
domingo último, em Santo Amaro, a transladação, para o cemitério local, dos
despojos mortais do voluntário Delmiro Sampaio, tombado heroicamente num dos
combates em Lageado, durante a revolução constitucionalista de 1932.
A
tocante cerimônia verificou-se às 10 horas e meia, notando-se a presença de
inúmeras autoridades civis e militares, além de grande massa popular.
Os
despojos do jovem paulista foram transportados em uma carreata do Corpo de
Bombeiros, e cobertos pela bandeira paulista tendo, no trajeto, passado pela
rua que recebeu o nome do bravo voluntário, onde, ao descobrir a placa velada
com crepe, inaugurando-a, falou o Dr. Luiz Cortez, um dos companheiros de
trincheira dos voluntários do batalhão Santo Amaro.
Placa inaugurada em 1935 e hoje em exibição no museu do CETRASA |
No
cemitério falaram sobre o morto, exaltando seu denodo e patriotismo o professor
Plínio Negrão, secretário do Instituto de Educação, Dr. Carlos Singer e Dr.
Waldemar Teixeira Pinto, que fez a chamada pelo nome do bravo voluntário,
respondendo todos os presentes.
Do
discurso pronunciado pelo professor Plínio Negrão, destacamos os seguintes
trechos:
“Vim
para cá convencido de que não levamos um morto às regiões do esquecimento, mas,
que nos incorporamos a uma marcha de exaltação cívica, para o acompanhamento
apoteótico de um herói, até o pórtico da imortalidade!
E
é bem isso, Delmiro Sampaio, que nós todos sentimos.
Se
é certo que a razão nos convence de que esta urna encerra os teus despojos,
como uma relíquia e um símbolo do estoicismo e das atitudes eretas dos Anhangueras
de Piratininga, a consciência dos teus feitos nos afirma a tua sobrevivência entre
nós, para que não se apague nunca o fogo sagrado de nosso paulistismo inflamado
pelo teu heroísmo, pelo teu exemplo e pelo teu sacrifício.
Que
vives conosco na nossa memória, no nosso coração e na gratidão de nossa gente,
eu o juro, porque todos nós te divisamos ali no pelotão em forma, pronto para a
marcha, entre os camaradas queridos, perfilado e atento, a mão firme sobre o
fuzil incansável, e o olhar predestinado sorrindo para o futuro da terra que
amaste e que os borbotões do teu sangue moço e generoso fecundaram para as
searas que hão de vir.
E
esta convicção é ainda mais viva quando acabamos de ouvir a tua voz na do teu
batalhão, respondendo à chamada do teu comandante, como sempre respondeste, na
iminência das pelejas e na hora das incertezas.”
Professor Plínio Negrão |
Publicado
no jornal Correio de São Paulo em 13/12/1935 (texto adaptado gramaticalmente)