CORONEL
SALGADO: TRAGÉDIA EM SANTO AMARO
Na manhã do dia 23 de julho
de 1932, no local onde hoje se localiza o terminal de passageiros do Aeroporto
de Congonhas, faleceu o então comandante da Força Pública de São Paulo, coronel
Júlio Marcondes Salgado.
Em plena Revolução de 32, Marcondes Salgado além
outros militares e civis acompanhavam a demonstração de um novo tipo de
morteiro desenvolvido pelos paulistas para ser usado na Revolução.
O Aeroporto de Congonhas
ainda não havia sido inaugurado (só o seria em 1936) e o local, às margens da
Auto Estrada Washington Luis, mostrava-se como um bom local para exercícios de
tiro já que se tratava de uma grande área plana e descampada.
O Aeroporto de Congonhas e a Av. Washington Luis em 1936 |
Contudo, quis o destino que
um dos projeteis lançados explodisse na boca no lançador atingindo aqueles que
acompanhavam o disparo. Estilhaços do projetil atingiram o coronel Salgado da
altura do pescoço, seccionando-lhe a carótida e matando-o instantaneamente.
Em decorrência da mesma
explosão morreu também o capitão da Força Pública e inventor do morteiro José
Marcellino da Fonseca. Ferido gravemente, não resistiu aos ferimentos e entrou
em óbito a caminho do hospital.
Morteiro que vitimou os oficiais (note-se o pedaço faltando na boca da arma) |
Ficaram também feridos o
General Bertoldo Klinger, comandante do Exército Constitucionalista (levemente
no braço) e, também sem gravidade, outros oficiais do Exército e da Força
Pública que acompanhavam os testes.
O jornal Folha da Manhã de
24 de julho de 1932, ao dar a notícia do ocorrido, assim se referiu ao falecido
coronel: “O comandante Salgado impôs-se,
desde o início da campanha constitucionalista, como um devotado servidor da
causa abraçada por São Paulo e Mato Grosso. Expressando as aspirações unânimes
da distinta oficialidade, o chefe do comando da Força Pública, não hesitou um
momento sequer em colocar-se ao lado dos homens a quem coube a elevada missão
de reconduzir a Nação ao regime da Lei, da Liberdade e da Justiça.”
Na tarde do dia 23, o
General Klinger foi ao rádio explicar à população as circunstâncias do desastre
que vitimou o comandante da Força Pública. Referindo-se ao seu desventurado companheiro
de lutas, proferiu o general as seguintes palavras: “O coronel Salgado tombou como um bravo. Honremos a sua memória como ele
havia de querer.”
General Bertoldo Klinger |
Às 21 horas do dia 23 os
corpos do coronel Salgado e do capitão Marcellino foram transladados da Faculdade
de Medicina para o Palácio da Cidade, onde foi realizado o velório e cerimônia
de câmara ardente. Durante a madrugada grande foi o número de pessoas que
visitaram os corpos dos malogrados defensores da lei.
Funeral do coronel Salgado e do capitão Marcellino |
O enterro, precedido de
cortejo fúnebre pelas ruas da Capital, deu-se às 15 horas do dia 24 de julho de
1932 no Cemitério São Paulo.
Cortejo fúnebre ao passar pelo centro de São Paulo |
O governador de São Paulo à
época, Pedro de Toledo, promoveu post
mortem o coronel Júlio Marcondes Salgado ao posto de General Comandante da
Força Pública com base no Decreto Estadual nº 5602 de 23 de julho de 1932.
Referências
Jornal Folha da Manhã.
Edições de 23 e 24 de julho de 1932 (disponível em www.acervo.folha.com.br)
Jornal O Estado de São Paulo de 10 de abril de 1936 (disponível em www.acervo.estadao.com.br)