CORONEL
EUCLYDES FIGUEIREDO
Nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 12 de
novembro de 1883. Ingressou no Colégio Militar do Rio de Janeiro aos 10 anos.
Foi admitido como cadete na Escola Militar da Praia Vermelha em 1901 e lá teve
sua primeira experiência revolucionária tomando parte da Revolta da Vacina em
1904. Expulso da escola com outros colegas, foi anistiado e readmitido 1 anos
depois.
Por ter se destacado nos
estudos enquanto cadete, após formado, ganhou bolsa de estudos para
aperfeiçoamento na Alemanha, junto ao Exército Imperial Alemão, de lá
regressando em 1912.
No ano seguinte, 1913, se
casa com Valentina Silva de Oliveira Figueiredo com quem teve 5 filhos entre
eles João Baptista Figueiredo, presidente do Brasil entre 1979 e 1985.
|
Coronel Euclydes e o filho Guilherme em 1932 |
|
O 30º Presidente do Brasil - João Baptista Figueiredo |
Ainda na década de 10 funda
com outros jovens oficiais do Exército, que também haviam participado da missão
na Alemanha (aqui conhecidos como “jovens turcos”), a Liga da Defesa Nacional e
revista Defesa Nacional que tinham entre seus objetivos a modernização do
Exército Nacional.
De convicções políticas
marcadamente civilistas, ao contrário da maioria dos demais oficiais do
Exército, positivistas, opõe-se, ficando ao lado do governo e combatendo os
insurgentes durante a revolta tenentista de 1922.
Em 1923, como capitão lotado
no gabinete do Ministro da Guerra Setembrino de Carvalho, Euclydes vai ao Rio
Grande do Sul mediar o fim da revolta ocorrida no interior do estado. Tem participação ativa na assinatura do
Tratado de Pedras Altas pelo qual os partidários dos políticos gaúchos Borges
de Medeiros e Assis Brasil põem fim aos combates. Nesta ocasião se aproxima
destes e de outros líderes gaúchos como Osvaldo Aranha, Flores da Cunha e João Neves da
Fontoura.
Absteve-se de apoiar
qualquer um dos dois candidatos na eleição presidencial ocorrida em março de
1930: Julio Prestes e Getúlio Vargas. Porém acreditava que cabia ao Exército
apoiar o vencedor nas urnas, que, a despeito das suspeitas de fraude
levantadas, foi Prestes. Acreditava que o Exército deveria manter-se longe da
política, como defensor da constituição e dos anseios populares.
Durante a Revolução de 1930, já no posto de coronel
comandante da 2ª Divisão de Cavalaria de Alegrete/RS, mantém-se ao lado da
legalidade não tomando parte do movimento revolucionário de outubro daquele ano,
mesmo após ser convidado a dele participar pelo amigo Osvaldo Aranha.
|
Osvaldo Aranha |
Foi preso. Libertado no ano seguinte inicia conspiração -
sob a perseguição implacável da polícia política de Vargas - junto a políticos
paulistas e gaúchos que levaria à Revolução Constitucionalista de 1932.
Na manhã do dia 9 de julho
de 32 chega à capital paulista para dar início ao levante. Na madrugada do dia
seguinte toma o comando da 2ª Região Militar localizado na Chácara do Carvalho,
no bairro da Barra Funda. Permaneceu como comandante da 2ª Região Militar até
12 de julho quando passou o comando ao seu antigo colega de missão na Alemanha,
General Bertoldo Klinger, que daquela data em diante seria o comandante-geral
das operações militares da Revolução. O coronel Euclydes dirigiu-se então à
cidade de Cachoeira Paulista/SP onde instalou seu posto de comando e chefiou a
2ª Divisão de Infantaria em Operações na qual combateu, até o fim da Revolução,
em diversas localidades no Vale do Paraíba (chamado Setor Norte da campanha).
Com o armistício que pôs fim
à Revolução em 2 de outubro de 1932, Euclydes junto com outros seis
companheiros decidem fugir para o Rio Grande do Sul, onde acreditavam que havia
ainda alguma atividade revolucionária. Apoiados e patrocinados por simpatizantes,
empreendem verdadeira aventura para tentar dar continuidade à revolução
iniciada em 9 de julho. Desembarcam de trem em
Mogi das Cruzes e de lá partem
para Santo Amaro por estradas vicinais, disfarçados, evitando a todo
custo serem reconhecidos e presos pela polícia. Em Santo Amaro descem a Serra
do Mar a pé por meio de trilhas. No pé da serra pegam um pequeno note que os
leva até a praia de Guaraú em Peruíbe. De lá partem em um barco de pesca rumo
ao Rio Grande do Sul.
O barco, que se chamava
Odete, era pilotado por um barqueiro cujo apelido era “major”. Ao aportarem na
Ilha dos Afogados, em Santa Catarina, pescadores locais ouviram quando um dos
revolucionários chamou pelo apelido o barqueiro. A suposta presença de um
“major” abordo da traineira, naqueles tempos de revolução, acabou chegando aos
ouvidos da guarnição do Exército local. O comandante da guarnição determina a
prisão de todos os ocupantes do barco, entre eles o coronel Euclydes.
Foi mandado ao Rio de
Janeiro onde ficou preso junto a outros presos políticos ligados à Revolução
Constitucionalista na Casa de Correição. Em outubro de 1932 foi exilado junto a
outras dezenas de presos para Portugal. De lá conseguiu, ao lado de mais alguns
companheiros, viajar para a Argentina onde já se encontravam outros
revolucionários exilados, entre eles seu antigo chefe de estado maior no Vale
do Paraíba, coronel Palimércio de Rezende.
|
Coronel Palimércio de Resende |
Retornou ao Brasil em 1934 assim como todos os demais
exilados políticos da Revolução de 32. Afastado do Exército uniu-se ao amigo e
companheiro de lutas Palimércio e fundou uma empresa de engenharia. Em 1937,
com o advento do Estado Novo de Vargas foi novamente preso ficando nessa
situação até 1942. Perdeu seus direitos políticos e inclusive a própria
cidadania sendo considerado, desde a sua prisão, como civilmente morto! Sua
esposa recebia pensão de viúva e seus filhos eram considerados pela lei como
órfãos!
Com a declaração de guerra
do Brasil às potências do Eixo em julho de 1942, apresentou-se, como voluntário,
para fazer parte da Força Expedicionária Brasileira que combateria na Itália.
No ato da inscrição omitiu sua condição de ex-coronel, entretanto acabou sendo
reconhecido por oficiais responsáveis pelo alistamento. Euclydes
Figueiredo estava com 55 anos! A tentativa de inscrição como voluntário foi indeferida.
Em 1945 foi eleito deputado
federal pela UDN e participou da Assembleia Constituinte que promulgou a
Constituição Federal de 1946. Quando de sua diplomação como deputado ainda
estava impedido do gozo de seus direitos políticos. Vivia-se já a abertura
democrática e uma lei então foi promulgada revertendo-o à inatividade do
Exército e concedendo-lhe a promoção a general-de-brigada.
Em 1950 tentou sem sucesso
eleger-se senador pelo Distrito Federal e perdeu nova eleição para deputado
federal em 1954.
Faleceu em Campinas em 20 de
dezembro de 1963 aos 80 anos de idade.
Referências
FIGUEIREDO, Guilherme. Guilherme
Figueiredo (depoimento, 1977). Rio de Janeiro, CPDOC
DUARTE, Paulo. Palmares pelo Avesso. São Paulo, Editora
Progresso, 1947.